
A titular da Delegacia do Recreio dos Bandeirantes (42ª DP), Adriana Belém, concluiu nesta sexta-feira (26) o inquérito sobre o acidente do parque de diversões Glória Center (zona oeste do Rio), que deixou dois adolescentes mortos e outras dez pessoas feridas. Em seu relatório final sobre o caso do último dia 14, a delegada expôs a clara possibilidade de "uma catástrofe ainda maior".
O R7 teve acesso ao inquérito (enviado ao Ministério Público nesta sexta) e verificou que todos os brinquedos do parque apresentavam risco aos usuários. Após perícia, membros do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e peritos do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) consideraram o estado de conservação do estabelecimento como “precaríssimo”.
De acordo com o relatório da delegada, o brinquedo que se soltou da haste, conhecido como Tufão, apresentava pontos de corrosão; estava instalado em terreno de terra batida, o que gera instabilidade, e era sustentado por pedaços de madeira. As demais atrações do parque, segundo a polícia, apresentavam “o mesmo grau de descaso”.
Em colaboração à polícia, o conselheiro do Crea-RJ, Jaques Sherique, vistoriou todo o parque de diversões. A conclusão foi taxativa:
“Existia a possibilidade de outros carrinhos se soltarem, pois que não tratou-se de ocorrência pontual e sim desgaste”.
Sherique ainda verificou oxidação e ausência de barras de segurança em uma série de brinquedos, assim como carrocerias soltas e instalações elétricas sem isolamento. Segundo ele, tudo isso gerava “grande possibilidade de acidente”.
Ao longo do relatório, a delegada Adriana Belém destacou em várias oportunidades considerar que a dona do parque, Maria Glória Pinto, e seu filho, Leandro Pinto Ribeiro, “não demonstram respeito à vida”.
“Como assim não entender quando pessoas, demonstrando total indiferença à vida humana, colocam em funcionamento um parque cujos brinquedos revelam-se verdadeiras armas contra jovens vulneráveis a toda sorte de perigo”.
No mesmo trecho, Adriana relata a possibilidade de uma “falha catastrófica, em razão da falta de manutenção”.
Antes mesmo da conclusão do inquérito, a delegada indiciou por duplo homicídio doloso, quando há intenção de matar, a dona do parque e seu filho. Ambos respondem também por lesão corporal.
O engenheiro responsável pelo laudo de liberação do parque, Luis Soares Santiago, foi indiciado por falsidade ideológica, assim como os cinco organizadores do evento do qual o parque fazia parte.
Fonte: R7
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